01|07|2025

Faculdade SESI de Educação leva peça interativa a escolas e estimula debate sobre relações sociais

Inspirada no Teatro Fórum, iniciativa propõe experiências cênicas para engajar estudantes em reflexões sobre empatia, respeito e enfrentamento da violência 

 

Lais Fiocchi, Comunicação da Faculdade SESI de Educação

01/07/2025

 

Grupo de Estudos e Extensão "Palco Resistência"

Grupo de Estudos e Extensão “Palco Resistência”

 

As artes cênicas têm ganhado cada vez mais espaço na educação por sua capacidade de mobilizar afetos, desenvolver o pensamento crítico e incentivar o diálogo. Quando incorporadas ao cotidiano escolar, tornam-se aliadas importantes para formar estudantes mais conscientes e educadores mais preparados para lidar com os desafios sociais. 

É com esse propósito que a Faculdade SESI de Educação desenvolveu o projeto Palco Resistência, idealizado em 2024 pelo professor Levi Corrêa Lopes, docente do curso de Licenciatura em Linguagem. A iniciativa propõe utilizar como ferramenta pedagógica o Teatro Fórum, uma vertente do Teatro do Oprimido, criada por Augusto Boal, em que o público é convidado a interagir nas cenas apresentadas e sugerir novas formas de conduzir os conflitos encenados. A proposta transforma os espectadores em “espect-atores”, estimulando o pensamento crítico, a escuta e a construção coletiva de soluções para situações de opressão vividas no cotidiano escolar e social. 

Inspirado também nos pensamentos de Paulo Freire, Suely Rolnik, bell hooks e Catherine Walsh, o projeto integra atividades de pesquisa e extensão da Faculdade SESI de Educação e já passou por unidades da rede SESI-SP e escolas públicas, envolvendo alunos do curso de licenciatura como atores, roteiristas e mediadores das apresentações. 

As cenas são construídas a partir de relatos e experiências reais vividas por estudantes, professores e integrantes do grupo. A construção parte de imagens corporais de opressão que evoluem para narrativas dramatizadas, adaptadas à realidade de cada escola onde ocorrem as apresentações”, explica o professor Levi. 

Para Luciene Almeida Lima, coordenadora de Ciências Humanas da EE Rev. Tercio Moraes Pereira, a potência das apresentações como linguagem pedagógica é evidente. “A arte é um caminho para diversos temas. Quando falamos de violência, isso se torna ainda mais latente na vida de muitos estudantes. A expressão artística é uma forma de extravasar e denunciar. Dentro do contexto da periferia, eles conhecem bem vários tipos de violência”, afirma. 

Ela destaca ainda que a apresentação provocou reflexões significativas entre os alunos, que passaram a olhar de maneira mais crítica para suas próprias atitudes. “A autocrítica e a reflexão foram o que mais marcaram a passagem do Teatro Fórum pela nossa escola. Os estudantes se posicionaram de formas diferentes diante das situações encenadas, e isso ampliou o olhar de todos, gerando conhecimento coletivo e despertando novas formas de pensar o convívio e o respeito mútuo”. 

Apresentação do Grupo Palco Resistência na EE Rev. Tercio Moraes Pereira

Apresentação do Grupo Palco Resistência na EE Rev. Tercio Moraes Pereira

No SESI Carapicuíba, a coordenadora pedagógica Beatriz Santana destaca o impacto imediato da ação: “A proposta do Teatro Fórum transforma o estudante, o desacomoda do lugar de espectador e o sensibiliza para a necessidade de agir”. 

Segundo ela, muitos alunos passaram a reconhecer comportamentos que antes consideravam “brincadeiras” como formas de agressão. “É curioso perceber como eles ficam indignados com situações de bullying ou preconceitos apresentados ao longo da peça. Logo após a apresentação, os professores relatam que ouviram os alunos dizendo ‘cara, como eu nunca me liguei nisso’. Essa é uma das transformações imediatas”, relata. 

O professor Levi, responsável pelo projeto, destaca: “As reações são intensas e comoventes, com muitos alunos interagindo com entusiasmo, sugerindo mudanças nas cenas e se colocando no lugar dos personagens. O teatro revela não só as opressões vividas, mas também a capacidade dos jovens de imaginar e propor soluções, tornando o processo educativo mais humano e engajado“. 

No SESI Tatuapé, a apresentação também trouxe impactos positivos. “A arte é aliada da transformação. O ato de buscar a reflexão para soluções plantou uma semente em cada aluno. Eles compreendem melhor a responsabilidade por si e pelo próximo e os incidentes vêm sendo menos frequentes”, conta a coordenadora pedagógica Idalina Carezzato. 

Além do impacto nas escolas, o projeto também transforma os próprios estudantes da Faculdade, que participam ativamente do projeto. “Saímos diferentes de toda apresentação. Ao fazer teatro, parte de nós se reconstrói. A arte nos permite refletir e crescer junto com a comunidade escolar. Quando a gente atua, está dizendo o que não conseguiu dizer antes. E ouvir o público dizer ‘isso aconteceu comigo’ mostra que aquilo que você viveu também precisa ser curado em outras pessoas”, conta Kelvin dos Santos, aluna do 4º ano de Ciências Humanas. 

Nicolly Gonçalves Ribeiro, aluna do 3º ano de Linguagem, afirma que utilizar práticas artísticas como ponto de partida para uma atitude mobilizadora é extremamente importante. “Damos voz a temas insurgentes por meio do lúdico, do dinamismo e da prática artística para além da sua função padrão, trazendo uma nova função com intuito de construção de um pensamento crítico e mobilizador”. 

Apresentação do Grupo Palco Resistência no SESI Tatuapé

Apresentação do Grupo Palco Resistência no SESI Tatuapé

Levi relata que, ao se verem no palco, os alunos se reconhecem e expressam questões profundas sobre pertencimento e dignidade, como o desejo de “ser gente”, “ser ouvido” e “poder fazer a diferença”. “Um dos comentários mais impactantes foi a afirmação de que a pessoa que sofria bullying “não era gente” e precisava “se impor”. Essa fala revelou não apenas a reprodução de discursos opressores, mas também um desejo profundo de reconhecimento: o “eu quero ser gente”. Ao final do encontro, muitos alunos perceberam que não falavam de uma cena de teatro, mas das suas próprias vidas. Essa consciência crítica é o que transforma a experiência artística em ação educativa e social”. 

De acordo com Levi, O Palco Resistência deve ampliar sua atuação a partir do segundo semestre de 2025, com novas apresentações e uma parceria com o Núcleo de Estudos Antirracistas da Faculdade SESI de Educação, aprofundando os debates sobre racismo e desigualdade social. 

Em foco

Lucélia Santos, produtora e atriz da peça Vozes da Floresta. Foto: Karim Kahn/SESI-SP 25|06|2025

Espetáculo “Vozes da Floresta: Chico Mendes Vive” marca celebração dos 10 anos da Faculdade SESI de Educação

Com atuação de Lucélia Santos, apresentação resgata a memória de Chico Mendes e provoca reflexão sobre justiça social e preservação […]

Leia mais
24|06|2025

Faculdade SESI de Educação abre inscrições para Transferência Externa e Reingresso

Processo seletivo oferece vagas gratuitas para cursos presenciais de licenciatura com início no segundo semestre de 2025    Por: Lais […]

Leia mais