28|04|2022

Língua Brasileira de Sinais é destaque em projeto de monitoria da Faculdade SESI

“Cabe a nós, que estamos no chão da escola, incorporarmos em nossa prática a preocupação com a acessibilidade e nos mobilizarmos das formas que pudermos”

A aluna Maria Cristiane Pereira e a profa. Ane fazem o sinal de “alce” em Libras. (foto arquivo pessoal).;

A Faculdade SESI de Educação adota em sua matriz curricular da graduação, nas quatro Áreas do Conhecimento, o ensino de Libras, com abordagens para práticas inclusivas, com tendência ao multilinguíssimo, que é a teoria que reforça a importância da primeira língua, seja para o Surdo ou ouvinte, mas também oferece outras possibilidades e recursos para a comunicação, inclusive em outros idiomas orais (Língua Inglesa ou Língua Portuguesa), quanto idiomas espaciais-visuais (Língua Brasileira de Sinais e Língua de Sinais Americanas).

A professora, Ane Patrícia Flora, mestra em Linguística Aplicada é especialista em educação de Surdos e licenciada em português/inglês desde 1996, explica que para que os futuros professores consigam celebrar e aproveitar o multilinguíssimo, presente em nossa sala de aula, “se faz necessária a formação compatível, ampliada e, ao mesmo tempo, mais específica no que tange à compreensão, ainda que insuficiente e não aperfeiçoada”, pontua.

A professora Ane chama a atenção, que cada vez mais fica claro que precisamos nos mobilizar para, em uma educação libertadora, devemos incluirmos a todos. A questão da surdez tem repercutido nos últimos anos e chegou a ser tema do Enem (2017) e, mais recentemente, assunto na premiação do Oscar. Troy Kotsur, que é Surdo, foi premiado como melhor ator coadjuvante pela atuação em “No Ritmo do Coração.

“Cabe a nós, que estamos no chão da escola, incorporarmos em nossa prática a preocupação com a acessibilidade e nos mobilizarmos para, das formas que pudermos, promovermos a inclusão efetiva de pessoas com deficiência na educação”, resume a professora. Ela conclui que o professor que se vale da Libras se torna mediador do conhecimento, com o objetivo de melhorar o percurso acadêmico do Surdo e do ouvinte que é fragmentado, usando a Libras e outras estratégias pedagógicas.

A aluna Heloísa Mirandola apresenta o sinal de “touro” em Libras. (foto arquivo pessoal).

Monitoria: Libras em sala de aula
Na Faculdade SESI, além das vivências curriculares, os estudantes participam de monitorias em Libras. Os conteúdos são ministrados por alunos fluentes na Língua de Sinais sob supervisão de um professor. A monitoria é realizada semestralmente e mescla questões aplicadas nas aulas da professora Ane com as da monitoria.
“Na monitoria, os alunos ampliam os conhecimentos e vocabulários aprendidos durante as aulas, enriquecendo, assim, a reflexão sobre a conscientização das diferenças linguísticas e cultural dos Surdos”, aponta a professora. Atualmente a monitoria é ministrada pelos estudantes, que cursam o quarto ano das licenciaturas em Linguagens e em Ciências da Natureza, Wesley Vidal e Gabriel Reis, respectivamente.
Uma das participantes da monitoria é a aluna, Brida Castro, do quarto ano do curso de Ciências Humanas. Ela conta que sempre se interessou por conteúdos de Libras. “Via na minha grade e ficava ansiosa por ter essa matéria com alguém que realmente entendesse do assunto, mas, quando estamos em sala, o tempo passa muito rápido e, com alguns feriados e intervenções no calendário acadêmico, algumas aulas acabam sendo canceladas. O bom é que as monitorias reforçam o que foi visto e que podemos conversar sobre outros temas que nos interessam” comenta Brida.
A professora Ane destaca o papel importante da instituição nesse tipo de inciativa. Para ela, o uso da Língua de Sinais permite que o estudante Surdo compreenda os processos educacionais. “O contato com o conhecimento específico e a aquisição da Libras pelo ouvinte dialogam com a comunicação entre as partes envolvidas no ensino-aprendizagem, observando que a Língua Brasileira de Sinais humaniza as práticas educativas e dá ao Surdo um olhar humanizado e afetivo”, pontua.

A aluna Tatiane da Silva Braulio apresenta o sinal de “pato” em Libras- a abertura e o fechamento do bico é uma das características marcante. (Foto arquivo pessoal).

Legislação
Conforme a Lei n°10.436, de 24 de abril de 2002, que instituiu a Língua Brasileira de Sinais (Libras), estabelecendo que todo Surdo brasileiro tem direito à Libras como primeira língua e ao Português escrito como segunda língua, em uma perspectiva bilíngue.
No contexto da educação, em 22 de dezembro de 2005, foi publicado o decreto nº 5.626/2005, regulamentar à legislação anterior, que assegura entre outras conquistas, que a Libras deve ser inserida como disciplina obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de Instituições de ensino, públicas e privadas, dos sistemas de ensino, federal, estadual e municipal.
Com colaboração das professoras
Me. Ane Patrícia Flora e Dra. Renata Palumbo
E estudantes, Gabriel Schnitsler dos Reis e Wesley Vidal Zuzarte Da Silva

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