Nina da Hora provoca reflexão sobre conectividade, ética e juventudes
Com o tema “Tecnologia e educação como pontes para o futuro das juventudes”, palestra abre a tarde do primeiro dia do III Congresso Internacional de Educação Sesi-SP
Lais Fiocchi, comunicação da Faculdade Sesi de Educação
Fotos: Karim kahn/Sesi-sp , ayrton vignola/Fiesp-sp e everton amaro/Fiesp-sp
Reconhecida por sua atuação em pesquisas voltadas para a relação entre tecnologia e humanidade, Nina da Hora participou nesta segunda-feira (15/9) do III Congresso Internacional de Educação SESI-SP. A cientista da computação, mestranda em Inteligência Artificial (Recod Unicamp) e em Política Científica e Tecnológica (Unicamp), apresentou a palestra “Tecnologia e educação como pontes para o futuro das juventudes”, com reflexões sobre ética digital, impacto das redes sociais e desigualdade no acesso à conectividade no Brasil.
Nina é referência na construção de uma tecnologia ética, inclusiva e acessível. Fundadora do Instituto Da Hora, criado em 2020 e composto por pesquisadores negros e indígenas de diversas regiões do país, em sua fala destacou iniciativas como a parceria com a Fundação Itaú Cultural que resultou em um curso de IA voltado às artes, para mentoria com professores da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.
Ao tratar do uso das novas ferramentas, ela reforçou que o debate deve estar centrado no uso consciente e ético. “Não temos a perspectiva de falar sobre a proibição do uso das ferramentas, mas sim de ajudar a utilizá-las para o desenvolvimento. Ética, nesse contexto, é saber quais decisões tomar mesmo quando ninguém está olhando”, afirmou.
Durante a palestra, a pesquisadora chamou atenção para o impacto psicológico causado pelos filtros das redes sociais, especialmente entre crianças e adolescentes. “É preciso identificar os problemas antes que os impactos se tornem irreversíveis”, observou.
Outro ponto central foi a desigualdade digital. Para Nina, a falta de acesso à conectividade ainda é o maior obstáculo para a inclusão de estudantes brasileiros, em discussões e oportunidades de aprendizado que dependem do ambiente online. “Hoje, se você tem acesso a uma discussão como essa, já está 10 ou 15 anos à frente de estudantes que sequer sabem o que estamos trazendo aqui, não por falta de interesse, mas pela ausência de acesso”, destacou.
Com uma fala inspirada por sua própria trajetória na tecnologia, a cientista reforçou que universidades, cursos e pesquisas fazem sentido quando se conectam à vida de cada pessoa. “Apesar dos avanços, o Brasil ainda precisa superar grandes desafios para garantir uma educação digital inclusiva e igualitária”, concluiu.