15|09|2025

Congresso celebra os dez anos da Faculdade Sesi e traz referências como Héctor Ruiz Martín

Especialista em neurociência e psicologia cognitiva, Héctor abre o congresso com reflexões e estratégias para tornar o ensino mais eficaz e duradouro

Elaine Casimiro, comunicação Sesi-SP
Fotos: Karim kahn/Sesi-sp , ayrton vignola/Fiesp-sp e everton amaro/Fiesp-sp

 

O III Congresso Internacional de Educação, promovido pelo Sesi-SP e pela Faculdade Sesi de Educação, começou nesta segunda-feira (15/09), em São Paulo, reunindo professores, pesquisadores, estudantes e profissionais da área para debater os rumos da educação em um mundo em constante transformação.

Com o tema “Conexões e Conhecimento Integrados: Educação em um Mundo em Movimento”, o encontro se estende até amanhã (16/09) e conta com conferências, mesas-redondas, rodas de conversa, sessões temáticas e apresentações de trabalhos que estimulam a troca de experiências, reflexões e aprendizados.

 

 

A abertura oficial foi conduzida por Luis Paulo Martins, diretor da Faculdade Sesi de Educação e gerente de Ensino Superior do Sesi-SP. Ele destacou a importância do encontro como um marco da trajetória da instituição, que em 2025 completa dez anos investindo na formação de professores.

Hoje estamos fazendo uma celebração que revela todo o trabalho que temos feito na Faculdade Sesi de Educação, que esse ano completa 10 anos de reconhecimento, de trabalho incessante para a formação de professores. Quando falamos do debate de conexões, conhecimentos de forma integrada, nós estamos falando do que a faculdade faz e da essência da nossa formação de professores”, afirmou.

O diretor também ressaltou os avanços conquistados pela faculdade e os projetos em andamento. “Formamos professores tanto na formação inicial como na formação continuada. E, neste ano de festa, temos o prazer de comemorar com um programa inédito em parceria com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, o programa de pós-graduação em educação Matemática², que já impacta semanalmente mais de 1.500 professores da rede pública. Mais do que oferecer aulas, estamos transformando práticas pedagógicas e proporcionando aos alunos da educação básica um novo contato com a matemática”, destacou.

Martins ainda anunciou a criação de novos cursos de graduação e o lançamento de dois livros que traduzem a experiência acadêmica e prática da instituição. “Licenciatura por área de conhecimento: inovação na formação de professores e Residência educacional: experiências multidisciplinares. São publicações que refletem a essência da nossa atuação e a prática da escola como espaço formativo”, explicou. 

Luis ainda anuncia mais novidades: “Estamos iniciando a primeira turma de Educação Física e lançando também o sexto curso oferecido pela Faculdade, de Pedagogia, previsto para 2026. Com isso, completamos o ciclo da formação para toda a educação básica.”

Ele encerrou sua participação valorizando o papel da indústria e o propósito que move a Faculdade Sesi. “A casa da Indústria tem nos incentivado e fomentado cada vez mais debates como esse. Que possamos, ao longo desses dois dias, aproveitar cada momento e nos fortalecer naquilo em que acreditamos e naquilo que somos imbuídos de fazer: transformar a vida das nossas crianças e jovens”, finalizou.

 

A ciência da aprendizagem  

A primeira conferência do congresso contou com o especialista em psicologia cognitiva e neurociência aplicadas à educação, Héctor Ruiz Martín, diretor da International Science Teaching Foundation. Reconhecido internacionalmente por sua atuação na integração de avanços científicos e tecnológicos ao ensino, especialmente nas áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática).

 

 

Ruiz integra o Grupo de Investigación en Ciencias del Aprendizaje y la Enseñanza da Universidade Autônoma de Madrid, desenvolvendo pesquisas sobre aprendizagem, motivação e uso de tecnologias educacionais, sempre com foco na inovação e na qualidade da educação básica em diferentes países, incluindo o Brasil.

Com o tema “Criando conexões: o que nos diz a ciência sobre como aprendemos”, Héctor abriu sua fala explicando que seu objetivo era apresentar ideias fundamentais sobre como funciona a aprendizagem e de que forma esse entendimento pode auxiliar tanto estudantes quanto professores. “Se entendemos que ensinar é ajudar a aprender, conhecer os mecanismos do aprendizado nos dá mais condições de contribuir com sua evolução”, afirmou.

O pesquisador ressaltou que, quando os alunos assumem um papel mais autônomo, tomam decisões de estudo baseados em crenças sobre memória e aprendizagem, muitas vezes equivocadas.

Nossa memória não funciona como uma câmera de vídeo, capaz de guardar tudo o que vivenciamos. Pelo contrário, assim que aprendemos algo, começamos a esquecer. Aprender é, em muitos aspectos, lutar contra o esquecimento. A boa notícia é que, embora não possamos evitar esse processo, podemos suavizar a curva do esquecimento e tornar o aprendizado mais duradouro e funcional”, explicou.

 

 

Segundo Ruiz Martín, a memória humana não deve ser entendida como um depósito de dados, mas como uma rede de conexões semânticas, em que as ideias se relacionam entre si e ganham significado.

Se duas pessoas possuírem os mesmos dados, mas conexões diferentes, terão memórias completamente distintas. São essas conexões que criam conceitos, significados e permitem transferir o que aprendemos para novas situações”, destacou.

Ele reforçou que aprendemos a partir daquilo que já sabemos, ativando conhecimentos prévios que se conectam a novas experiências. Ao contrário dos computadores, que armazenam arquivos repetidos, a memória humana reutiliza e reorganiza informações já existentes.

A nossa memória é excelente em conservar ideias e significados, mas não os detalhes exatos. Quando recordamos, reconstruímos as informações com base no que já sabemos, e isso nos permite criar novas conexões”, explicou.

Para exemplificar, comparou o aprendizado a um sistema de pontes e nós: quanto mais conexões um conceito estabelece, mais sólido e duradouro ele se torna. A partir desse princípio, apresentou cinco estratégias eficazes para potencializar o aprendizado: mobilizar, elaborar, evocar/recordar, espaçar e confiar.

  • Mobilizar: ativar conscientemente conhecimentos prévios por meio de discussões, experiências e atividades. 
  • Elaborar: dar significado ao que está sendo aprendido, relacionando informações para fortalecer as conexões. 
  • Evocar/recordar: praticar a recordação, trazendo de volta da memória o que foi aprendido. Para ele, essa é a estratégia mais poderosa. “As pesquisas mostram que praticar a recordação é mais eficiente do que revisar conteúdos repetidamente. Quando recordamos, consolidamos o aprendizado.” 
  • Espaçar: distribuir os momentos de estudo ao longo do tempo, em vez de concentrá-los em um único período. “O estudo massificado explica por que muitos alunos esquecem quase tudo após uma prova. O aprendizado espaçado, por outro lado, é mais eficaz e duradouro. 
  • Confiar: cultivar a motivação e a autoeficácia. A crença na própria capacidade de aprender. “A motivação não depende apenas do interesse no conteúdo, mas da confiança em que é possível aprender. Essa autoeficácia alimenta um ciclo virtuoso, levando os alunos a acreditarem mais em si mesmos e a desenvolver autonomia.” 

Ruiz Martín concluiu reforçando que bons resultados acadêmicos não nascem apenas do interesse, mas principalmente da confiança que cada estudante tem em sua própria capacidade de aprender. “Ajudar os alunos a utilizarem boas estratégias melhora seus resultados, fortalece a autoconfiança e coloca em movimento esse ciclo virtuoso que os torna mais motivados, autônomos e preparados para liderar seu próprio processo de aprendizagem”, finalizou.

 

Projetos e iniciativas inovadoras durante o Congresso 

Além das conferências e mesas temáticas, o Congresso também apresenta projetos e iniciativas que reforçam o protagonismo de professores e estudantes: 

  • Prêmio Sesi de Educação: reconhecimento à excelência pedagógica de professores da rede Sesi-SP e de municípios parceiros. 
  • Makerthon: maratona de inovação tecnológica, com estudantes desenvolvendo soluções em inteligência artificial para desafios do Sesi. 
  • Jornada STEAM: projetos de ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática transformados em artigos científicos e expostos em pôsteres e e-book. 
  • Fórum das Juventudes: espaço de escuta e protagonismo estudantil, com apresentações de projetos de alunos das escolas Sesi de todo o estado. 

Com uma programação intensa e diversidade de vozes, o III Congresso Internacional de Educação reafirma o papel do Sesi-SP como referência em inovação pedagógica e formação de professores, conectando ciência, prática e compromisso social para transformar a educação brasileira.

 


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